segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O "velho moço" e a sua ferramenta


O homem do campo traduz a imagem de um ser originalmente preocupado, solitário(...).
Nasce o sol, mais uma vez transfigurando o mais belo dia de trabalho árduo, e o homem continua a sua caminhada, tornando-se assim um assíduo fanático em busca da terra fértil.
Lá se vai o homem levando a sua ferramenta outra vez. A sombra das árvores, o barulho do canto dos pássaros, o sossego em estar ali presente, "lapidando" a terra. Toda essa sintonia faz com que o homem  do campo não se sinta acomodado, como se lhe faltasse o contentamento exacerbado. Tudo isso lhe proporciona a denominada paz interior.
Aos 65 anos, Seu Graciliano sente que existe mais um tesouro a ser conquistado. Tesouro? Que tesouro conquistado?
Para muitos, este velho senhor não passa de um idoso que deixou de sonhar com um futuro melhor. Para outros, este "velho moço" soube desfrutar e valer o seu suor. Soube transformar a sua velhice na mais bela poesia da sua existência.
Realmente, aquele velho moço é feito um agricultor levado pela sua ferramenta, plantando com extrema sabedoria, as sementes do amanhecer que brotam no mais moldado solo da vida de um senhor sábio e conquistador. Não lhe falta coragem; não lhe falta desejo. A terra é a sua inspiração.
SILVEIRA, Marcos de Jesus. Contos Jovens: Memórias de um "velho moço".

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